Friday, April 09, 2010

O desejo (ou o ser perfeito)


Quando as palavras fluem, o tempo pára.
Este é um desafio feito de letras, onde se denota a vontade, as ganas de tornar realidade o que, para já, é apenas virtual.
Fala-se de desejo, essa atitute mental que nos devora quando aplicada á carne.

Ele é quem mais escreve. E note-se a intensidade rítmica das palavras: primeiro sedutor, calmo. Depois intenso, vigoroso , víril. Finalmente doce, envolvente. E a saída sem mácula, teatral. É o cair do pano. Resta o aroma adocicado do suor e do sexo acabado de fazer.

Ele divaga:
“ (o desejo) Não tem limites, é abusado, usa o corpo, toma posse. Fracos que somos.
Mas sorrimos cada vez que sentimos que o arrepio vai começar.
Hummmmmmmm… Confiamos… Sabemos que ele cuidará ao melhor jeito.
Sabemos que nao vamos pelo outro mas pelo que o outro nos vai levar a libertar.
Nem que seja um momento… Mas é meu! É teu!
Egoístas sim, com orgulho e muito gosto!
Mas também pouco te importas…queres é te-lo! (ao corpo)
É teu. É meu. Não vale pelo que se atinge mas pelo que é…
Sim! Fechas os olhos , concentras-te no corpo, como se tudo fosse um sentido apurado
Sentes as contraçoes do meu corpo. A vontade a apoderar-se.
As contrações do teu corpo. Ao prazer como se corresse nas veias. Como sangue.
É a verdade. Não é sangue mas corre.
Não se planeia. Não há mapas. Há improviso. Há aventura. Há desconhecido. É bom.
E o tal arrepio... É o prazer a percorrer-te o corpo como se estivesse ele nas veias.
(...e chegar ao fim e sorrir- diz ela...)
Diria suspirar. Tomar folêgo. Não acreditar. Sentir que o dever foi cumprido. E não é serviço militar, mas tens que defender como se o fosse. Como se fosses o ultimo dos patriotas a defender aquilo em que acreditas.
Mas aí...saío.
Sem rasto.
Sem adeus.
Sem despedidas e sem provas.
Deixo-te a lembrança."

Altura para conhecer as palavras dela. Menos, em quantidade. Mas plenas de vontade. Ela prefere contemplar. Assiste ao discurso orgásmico e quase sente a agradável proximidade química da pele dele.
Continua a falar-se de desejo.

“É o momento da possessão.....E nada mais há a fazer do que te entregares...
Quero isso contigo...
Um momento de luxuria.
Dar-me! Não a ti, mas ao meu desejo...A esta minha vontade que me seca a boca.
É a necessidade de juntar os corpos....De dares prazer ao outro....
Porque tens tanto para dar que o teu corpo já não chega. Não é suficiente.
Todos os teus sentidos ali concentrados....E confundes aromas com sons.
E nem é preciso falar. As mãos, a boca, a lingua...Tudo sabe o caminho certo.
É a entrega...
E chegar ao fim e sorrir...Ou rir...Pelo bom que foi!"


Este jogo realizou-se sob a forma de diálogo. Não como monólogo, como se poderia pensar. A separação de frases foi intencial. Simboliza a distância entre um continente e uma ilha.

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