Thursday, February 02, 2006



Hoje acordei cedo.
E bem disposta. Revitalizada. Só o cabelo estava desalinhado. Liguei para a Milene e marquei hora para depois de almoço. Um corte e manicure. Sempre ponho a conversa em dia. E fico a par das tricas dela com o vizinho da frente. Parece que o prédio se desmorona sempre que se encontram no elevador. A Milene confidenciou-me que, da meia dúzia de fodas com o vizinho, cinco aconteceram na viagem do rés-do-chão ao 4º andar; com paragem no 3º, onde ainda não mora ninguém.A outra aconteceu na garagem. Dentro do carro dele.Enfim...O digestivo após o almoço leve vai, concerteza, ser divino.Enquanto cuido do visual, alimento a minha líbido. E já sei que vou sair de lá com as cuequinhas húmidas. Não só pela pérfida conversa com a Milene, mas também pelo arrepio especial que a Carina me provoca quando me massaja as mãos com Atrix.Aquela manicure tira-me do sério. Ai...Ai...

Ps. Acabei de receber um mail do Rui. Quer jantar comigo "um destes dias", diz ele.Porco!Quer é lambuzar-me as mamas todas outra vez!!!Agora que penso nisso...Sexta-feira tenho a noite livre...

Petit mort...



Sussurrei-te ao ouvido que te amava. Tu dormias mas acusaste o toque. Colaste ainda mais as costas ao meu peito nu.Afundei o nariz nos teus cabelos. Cheiravam a tangerina e ao último cigarro fumado antes de adormeceres. Depois do amor. Para mim. Depois do sexo. Para ti.A tua pele, sempre tão suave e rosada, estava agora com gotas de suor. Os despojos de uma batalha entre línguas, mãos, dentes, dedos, lábios e o arrojo dos nossos brinquedos.Uma batalha em que somos cumplíces, com idêntica estratégia. Com o mesmo objectivo. Até à exaustão.

De coração aberto...digo-te...




Não apreciaste o presente que te dei. Ainda não percebo o porquê!Chamaste-me louca e fizeste com que me afastassem de ti. Colocaram-me numa cela a que chamaram quarto privado. E era mesmo. Privado apenas porque me isolou do mundo, do meu mundo que és tu!Falaram em obcessão. É verdade. Sou obcecada. Pela tua pele, pela profundidade dos teus olhos, pela brancura dos teus dentes, pela rigidez dos teus seios, pelo teu aroma a mulher. É obcessão! É veneração!Só vou conseguir alcançar a felicidade quando me entranhar por completo em ti.queria ser tinta da china derramada, para que tu, como papel mataborrão, me absorvesses por completo. E, em vez de te deitares ao lixo, embrulhavas-te...guardavas-te dentro de uma caixinha e ali ficavas para sempre, comigo em ti.Eu quis apenas mostrar-te como sou tão tua.Foi por isso que te quis dar o meu coração. Bastava arrancá-lo do meu peito e colocá-lo nas tuas mãos. O amor que te tenho ía mantê-lo vivo e a pulsar por ti.Mas não o quiseste. Assim que o aço da faca tocou a minha pele, gritaste comigo e chamaste-me louca...Fiz apenas um corte de onde apenas saiu um fio de sangue. Aquele onde tu corres.Chamaste médicos e enfermeiros e eles levaram-me de ti. Durante tanto tempo...!E eu...que só queria dar-te o meu coração...

Instrumento do meu amor




Que me adianta pensar que te tenho? De que me serve saber que uma vez por semana dizes render-te ao meu calor? Porquê este sofrimento de não te sentir por perto a todas as horas?Afinal, apenas deixas que eu te use como instrumento do meu amor. E como tudo ainda é novidade para mim, descubro-me a limar arestas; a contornar obstáculos; para que cada instante seja perfeito Tu limitas-te a receber toda a minha devoção e cada olhar, cada sorriso, cada palavra, cada gemido teu, são migalhas que alimentam a minha paixão.Descarno o meu corpo cada vez que penso no que fazes quando estás longe.Retalho com o pensamento cada pessoa que imagino aproximar-se de ti.Procuro a eternidade em cada segundo que me dispensas atenção. E imagino que será esta a vez, será este o dia em que dirás: Hoje não volto para casa; hoje sou tua; esta é a nossa noite...Mas vais sempre adiando esse momento. E, de cada vez que te sacias em mim, veste-te á pressa e dizes que tens de ir. Brincas e afirmas que tens um encontro inadiável com o frigorifico e com o fogão...Mas eu sei que é “ele” que não pode passar sem ti; está também dependente dos teus cuidados, dos teus carinhos, dos teus mimos.E eu? E eu? E EU???Fico a vaguear no limbo, ansiosa para te ter de novo, para enterrar a minha cara nos teus cabelos escuros que se confundem e entrelaçam nos meus longos caracóis.Sou tua. A tua mulher. És minha. A minha mulher. Amo-te. Amo-te. Amo-te.

O cheiro da morte



Hoje irristaste-me. Deixaste um cigarro a arder no cinzeiro. Estava mal apagado. Resisti á tentação de o esborrachar e fiquei a olhá-lo. Era quase doloroso ver como lutava para se manter aceso, já sem mortalha para arder. Restava apenas o filtro. E, numa última tentativa, mostrou toda a sua incandescência, lançou uma correntezinha de fumo e apagou-se. Estava morto. Mas deixou ainda um cheiro intenso e repugnante. Será assim o cheiro da morte?Não me apeteceu divagar sobre o assunto. Guardei-o numa pasta da memória para poder dissertar mais tarde.Voltei á minha irritação...Deixaste um cigarro a arder no cinzeiro! Sabes que detesto isso! Odeio todos os momentos em que fumas. Porquê? Porque a tua boca fica ocupada e os teus lábios ficam longe da minha pele...

Papel branco num estojo preto...



Consegues explicar-me porque guardo o teu contacto no meu estojo de manicura? Fico a olhar o papelinho branco, com príncipio-de-amarrotamento e com os cantos já dobrados. Para além do teu primeiro nome e do número de telemóvel aparece uma data e uma hora: Terça-feira, 15:15...Não sei qual o significados destes dados. Teria algo marcado contigo para esse dia da semana? Para essa hora? Mas que raio se passou ás 15:15 de uma terça feira? E que caminho terá percorrido o papel, escrito por ti, para estar dentro do meu estojo de unhas? São tantas as questões...e não estás aqui para me satisfazeres a curiosidade...Trocaste-me por uma sessão de mesoterapia. Foi "ele" que ta ofereceu. Que original! Um cheque-brinde de um instituto de beleza como prenda de aniversário...Vá lá, vá lá...até me admira não te ter ofertado, pelo terceiro ano consecutivo, uma dúzia de túlipas e um livro de poemas, daqueles comprados á pressa em qualquer estação de serviço.A minha prenda só vais recebê-la na próxima semana. Quando resolveres sair do pedestal e desceres á terra para te embranhares com uma simples mortal como eu.Por isso, ainda não te revelo o que preparei . Feito com as minhas próprias mãos. Com todo o cuidado e emoção. Sei que vais gostar. Sempre disseste que te agradava a ideia do sangue trocado entre juras de amor...

A poesia não tem garra



Não quero que sejas a minha princesa ou o meu mundo. Por isso nunca te fiz discursos poéticos.Se existem palavras doces que definam o que sinto por ti, poderiam elas ser suficientemente fortes para te ligar a mim para sempre? Duvido.não existe palavra, frase, parágrafo, texto ou testamento que possa expressar a garra e a vontade com que te quero!Queria fundir-me em ti tal como aquele anel de ouro de diluíu no mercurio de um termómetro partido...

Quanto é daqui a pouco???



- Beijo. Até já. Daqui a pouco estou aí!Daqui a pouco? Daqui a pouco quê? Tempo? E achas que cada segundo que passo sem ti é pouco? É preciso ter lata. Não me vens ver. Não me vens tocar. E já lá vão dois dias...Ainda tenho a prenda de aniversário para te dar. Sei que vais gostar. Aliás, vais adorar. Porque sempre disseste que te agradava a ideia do sangue trocado entre juras de amor.Dei o meu sangue, pelo amor que te tenho. Uma óptima troca. E o que tenho para te dar vai prolongar-se pela frágil eternidade do meu corpo. Vais gostar...

Amo um ser...Não um sexo!





Amo-te porque representas tudo o que não tenho, tudo o que não sou, por seres o outro lado de mim, a parte que me falta. No puzzle da minha existência, tu és a peça central, sem a qual nada faria sentido.No esqueleto da minha vida, tu és a coluna vertebral que me sustenta.O teu sexo é o menos importante.Apaixono-me por pessoas e não por sexos. Isso é secundário.Também podia amar um homem. Desde que fosse o meu complemento.Não é o caso.

O sonho quer-se real!




Esta noite sonhei que te tinha abandonado. Acordei aterrorizada. Um pesadelo. O meu ritmo cardíaco ultrapassou todos os limites.A eternidade dos dias que passo sem te ver não acaba!?! Quando vens ver-me? Hoje? Amanhã? Nunca?A incerteza leva-me á loucura...Tentei ligar-te mas do outro lado chegou apenas a confirmação da indisponibilidade.Pois é. Estás de férias. Esqueci-me disso. Deliberadamente. Porque sei que os teus dias de descanso são passados com "ele". Não quero martirizar-me mais. Chega de tortura quando penso na tua entrega. Basta.Vou tornar realidade o meu sonho. Quer dizer...o meu pesadelo!Vou abandonar-te!E acabar comigo logo depois

É o ínicio...


Também podia ser o fim...Esta é a minha história...Esta é a minha vida paralela. O meu outro lado. O lunar. O escuro. Ou melhor...O lado obscuro de mim.

Arquivo Lunar